Quitandeiras em Congonhas no século XIX

 


Em 1831, o governo de Minas determinou que as unidades administrativas da província realizassem um levantamento dos habitantes. Em Congonhas do Campo, distrito de Vila Rica (Ouro Preto), o recenseamento foi conduzido por José Joaquim Monteiro de Barros, irmão do Barão de Paraopeba e do Visconde de Congonhas.

 

Em suma, o levantamento apontou que, em Congonhas, havia 1.334 moradores, sendo 814 livres e 520 cativos (escravos), residentes em 172 fogos (moradias). Para cada núcleo familiar (fogo) eram registradas informações como o nome do chefe do fogo e de seus familiares e o vínculo de cada um deles com o chefe. Além disso, a idade de cada indivíduo, estado civil, raça, ocupação e condição social (livre, escravo ou forro).

 

Analisando os dados do histórico censo de 1831, achei curioso o fato de existirem em Congonhas três quitandeiras. Sim, é isso mesmo! Embora já fosse associada à produção de quitutes como doces, naquela época, as quitandeiras eram basicamente mulheres negras que vendiam produtos alimentícios pelas ruas. As três “quitandeiras” existentes em Congonhas eram mulheres livres, sendo elas:

 

Anna Gonçalves, parda, 60 anos, viúva.

Julianna, crioula, 70, viúva.

Felicianna Maria, parda, 45, solteira.

 

Além dos dados relevantes sobre a história de Congonhas, gostaria de relembrar um fato curioso sobre o assunto. No dia 25 de julho de 1889, uma animada manifestação aconteceu no centro do Rio de Janeiro. Um grupo de estudantes da Imperial Escola de Medicina se reuniu de forma inesperada pelas ruas do centro em passeata, revoltados com a proibição imposta à Sabina, uma quitandeira que vendia laranjas na entrada da universidade, de armar seu tabuleiro ali. Indignados com a decisão do subdelegado, os estudantes de medicina organizaram uma grande manifestação chamada “Procissão das Laranjas”, que contou com estandartes de frutas, coroas de bananas e chuchus. Por fim, a quitandeira Sabina venceu, uma vez que a ordem do subdelegado foi revogada, o que o fez ser algo de piadas.


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